
Neste ano, a Bienal está ancorada na ideia de que é impossível separar arte e política. O título dado à exposição, “Há sempre um copo de mar para o homem navegar” — verso do poeta Jorge de Lima, da obra Invenção de Orfeu — sintetiza o que se busca com a Bienal.
O grande pavilhão do Parque Ibirapuera acolhe uma fantástica diversidade de pessoas. O público é o mais diversificado possível: crianças conduzidas por suas escolas, jovens, idosos, intelectuais e artistas. O espaço se transformou em uma grande mostra de diversidade de trabalhos, potencializados pela criatividade humana. Alguns de fácil captação da mensagem artística, outros de entendimento mais subjetivo, e até alguns de total incompreensão.
Na minha modesta compreensão, chamaram minha atenção as pinturas do pernambucano Gil Vicente, com uma mensagem radical contra algumas celebridades, e a criação de um espaço de escritório na materialização de dois móveis.
Dos chamados “terreiros”, considerei o de melhor mensagem o de autoria de dois arquitetos, com a construção de um labirinto incentivando a prática da leitura.
A Bienal, para mim, se consolida como uma atividade cultural de profunda criatividade artística, que possibilita, através do sentimento incorporado no visitante, a consciência de que a arte é o alimento da alma. A formação do mundo de hoje, tão impregnado de valores tecnológicos, está levando a humanidade a se comportar como seres sedentos do consumo material. Esquece-se, hoje, de que a felicidade — como alvo maior a ser alcançado pelo homem — perpassa pelo sabor da arte.
Inspirado nesta visita à Bienal, me veio à mente o propósito de replicar espaços culturais semelhantes a esses nos municípios brasileiros. Com certeza, seriam eventos que impulsionariam muito a cultura local.